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Diário da Quarentena: um filme de terror muito ruim

Atualizado: 7 de jun. de 2020

𝐩𝐨𝐫 𝐋𝐞𝐨𝐧 𝐁𝐢𝐧𝐠


Crescer em Magé, num dos bairros mais humildes do Rio de Janeiro e na companhia de quatro irmãos certamente contribuiu para minha sanidade mental forte. Para muitos de nós, homens adultos na segunda idade, esse assunto pode ser estranho de discutir. Falar sobre saúde mental e procurar ajuda psicológica é um enorme problema entre homens do mundo inteiro. Acreditei desde menino que expor meus próprios sentimentos demonstraria algum sinal de fraqueza — por isso eu sempre varri meus problemas internos para debaixo do tapete. Agora, casado há dois anos e com uma esposa muito sensível ao demonstrar seus sentimentos, essa conversa surgiria em algum momento. Eu só não esperava que uma doença, cópia mal feita do H1N1 e com um nome horroroso, pudesse estragar nossos planos de viagem perfeita. Parabéns pela sorte, idiota.


Tudo começou pequeno, na verdade, então Clarice e eu não nos preocupamos realmente que uma doença originária na China fosse um problema para nosso itinerário na América do Sul. Planejávamos atravessar o continente e, caso tudo desse certo (e "der certo" significa não ser assaltado, assassinado ou sequestrado), viajaríamos para a Europa no segundo semestre do ano. O coronavírus nos deu um tapa na cara. Estamos em Cuenca, no Equador. Fomos obrigados a nos hospedar numa casa de pensão quando o país decretou quarentena. Se estamos bem? Hm, não sei dizer.


Primeiro, eu me imaginei aquele filme horrível do John Dowdle, em que a Jennifer Carpenter fica presa num prédio com o Steve Harris e vários doentes canibais. Mas a minha situação, em que estou preso num país longe de casa e sem previsão de volta com minha esposa hiperativa, pode ser muito pior. Sinceramente, eu preferia os canibais. Seja sincero, você se imaginaria essa situação no início do ano? Eu tinha certeza que 2020 seria melhor ano da minha vida, e agora o mundo está de cabeça para baixo.


Então, vamos ter um pouco de senso e colaborar com a OMS. Fique em casa, só saia para emergências. Você não vai morrer se não ver seus amigos nos fins de semana. Sim, eu estou falando de vocês, pirralhos de 18 anos que estão lendo isso. Se eu sou obrigado a ficar preso numa pensão há 3.195 quilômetros do meu país, você também pode manter sua bunda dentro de casa por algum tempo. Cuidem dos velhos de vocês.


Foto do céu porque, adivinha? Não tenho paciência.

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