𝐩𝐨𝐫 𝐂𝐥𝐚𝐫𝐢𝐜𝐞 𝐝𝐞 𝐋𝐢𝐬𝐬.
A minha vida estava sendo como planejei — o que é uma surpresa porque meus planos não costumam dar certo — casei com um cara incrível, tinha uma casa linda e um emprego bacana.
Larguei tudo para seguir um sonho, viajar o mundo, e com o amor da minha vida, como isso poderia dar errado? Foi o que pensei, óbvio que fomos ingênuos, mas eu parei de insistir no erro, agora ele… O que fazer para convencer meu marido que não temos mais vinte anos e não dá pra fingir que problemas não existem, simplesmente atravessando uma fronteira de carro. Ainda sim consigo segurar essa barra, confesso que, as paisagens lindas e as experiências que vivemos consegue preencher — pelo menos um pouco — do vazio que tenho de não ter realizado meu maior desejo. Além disso, o trabalho com o Instagram me distraia, temos seguidores fiéis que não quero decepcionar, nada que minha playlist do Spotify não resolva, de qualquer maneira, me sinto útil em qualquer lugar do mundo.
Acho que no fundo, para meu marido eu sou apenas dramática e sentimental e ele acha que consegue resolver isso com piadas estilo Chandler de Friends, e aparentemente isso funciona, Chandler é meu personagem preferido.
Mas hoje, nenhuma das brincadeiras de meu marido me animou, as coisas estão feias no mundo e eu nunca imaginei, que ficaríamos presos em Cuenca por causa do coronavírus, vírus que meu marido costuma chamar de cópia mal feita do H1N1 e causou uma pandemia mundial, “só” isso. Estou tentando manter a calma, se eu surtar, meu marido surta. Vamos passar por mais essa, eu espero. Só precisamos de um lugar para ficar, e claro, álcool em gel.
Por do Sol em Cuanta, Equador.